A corrida das empresas pela adoção de inteligência artificial (IA) segue em ritmo acelerado, mas boa parte ainda tropeça em um obstáculo estrutural: a falta de uma base sólida de dados. O Relatório de Maturidade em IA 2025, produzido pela Indicium, consultoria global especializada em dados e inteligência artificial, em parceria com a PureSpectrum, revela que 74% das empresas acreditam que a IA é fundamental para o futuro dos negócios, mas menos da metade já colocou soluções em produção, evidenciando um descompasso entre ambição e maturidade tecnológica. O estudo mostra ainda que 66% das organizações querem escalar iniciativas de IA nos próximos anos, mas enfrentam limitações significativas relacionadas à qualidade, integração e confiabilidade dos dados.
O setor financeiro aparece na dianteira da transformação, com 67% das empresas já operando soluções de IA em diferentes departamentos. Mesmo assim, 92% dos profissionais de TI que atuam no segmento reconhecem que a infraestrutura de dados ainda está aquém do ideal. Entre os respondentes, 52% classificam essa estrutura como obsoleta ou desatualizada e 40% afirmam que, embora moderna, ela não se compara às melhores do mercado. Essa defasagem, segundo o relatório, cria gargalos que limitam o processamento em tempo real, dificultam a integração de dados e comprometem a confiabilidade das informações usadas pelos sistemas de IA.
“As empresas já entenderam que a IA é essencial para competitividade e eficiência, mas muitas ainda subestimam o papel da base de dados nessa jornada. Não se trata apenas de colocar modelos em produção, e sim de construir uma infraestrutura moderna, com dados de qualidade e governança sólida para sustentar resultados reais”, alerta Matheus Dellagnelo, cofundador e CEO da Indicium.
A habilitação de IA é o principal objetivo das iniciativas de modernização de dados: o percentual foi citado por 72% dos profissionais do setor financeiro, número semelhante ao observado em outros segmentos, que alcançou 70%. A melhoria na integração entre plataformas também surge como prioridade para 72% das instituições. Ainda assim, 46% dos entrevistados admitem não estar prontos para aproveitar plenamente os dados em projetos de IA por causa de falhas de qualidade e governança. “Sem dados confiáveis, qualquer estratégia de IA fica comprometida. Escalar modelos sem resolver problemas de origem, integração e qualidade é como construir um arranha-céu sobre uma base instável”, destaca Matheus Dellagnelo.
Embora 59% das empresas financeiras já utilize IA para automação de processos e 56% para gestão de qualidade e governança de dados, o próximo passo é ampliar o uso da tecnologia em larga escala: 74% das companhias do setor afirmam que a prioridade para os próximos dois a três anos é expandir o uso de IA em toda a organização, índice superior ao de outros segmentos, que chegou a 66%.
Para acelerar essa evolução, 70% das empresas apontam a necessidade de investir em treinamento interno, enquanto 46% destacam a importância de reforçar parcerias externas. “O sucesso em IA moderna depende de um esforço coletivo. É preciso combinar capacitação, cultura orientada por dados e colaboração com especialistas que dominem a jornada completa de modernização”, conclui Matheus Dellagnelo.
