A inteligência artificial é a quinta grande onda de transformação que está acontecendo no mundo nos últimos 30 anos. “A IA é uma tecnologia de propósito geral; estamos entrando em uma era de revolução cognitiva”, destacou Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, ao palestrar nesta quinta-feira, 12/6, no Febraban Tech 2025, acrescentando que, pela primeira vez, os consumidores e as pequenas e médias empresas estão à frente na corrida tecnológica.
O executivo ressaltou que fazer o Brasil ter protagonismo em novas tecnologias passa por investimentos em pesquisa e desenvolvimento, para que o País deixe de ser apenas consumidor para atuar como produtor de tecnologia.
Ao completar 20 anos de Brasil, o Google espera lançar em março seu novo Centro de Engenharia, fruto de uma parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e para o qual deve contratar entre 300 e 350 engenheiros. O primeiro centro fica em Belo Horizonte, que foi também o ponto de chegada do Google no Brasil em 2005. “Precisamos de mais investimentos no Brasil. Hoje 1% do PIB do Brasil é investido em P&D contra 3% dos EUA”, disse.
IA na revolução cognitiva
Ao fazer um balanço, Coelho enumerou que a democratização começa pela universalização do serviço da telefonia celular e segue ao ampliar o acesso à mídia de muitos para muitos, com a fragmentação do mainstream. “Só empresa grande podia fazer mídia, mas a mídia digital explodiu e hoje mais que 50% da mídia brasileira já é digital”, disse.
A terceira fase foi a do empreendedorismo, que ganhou escala com o digital, possibilitando o surgimento de milhares de startups. Depois, a inclusão financeira, impulsionada pela mobilidade, ampliou o mercado. Por fim, a inteligência artificial agrega modelos de assistência, criação, agentes e suporte em escala disponibilizado em tempo real para todo mundo.
“O Brasil é o país dentro do Google no qual a inteligência artificial está sendo adotada de forma mais rápida. Neste ano, estamos processando 50 vezes mais que no ano passado”, assinalou. Em 2024, o Google processou 9,7 trilhões de tokens por mês em seus produtos e APIs. Agora são mais de 480 trilhões. Além disso, cerca de 7 milhões de desenvolvedores já estão criando com Gemini, o que representa cinco vezes mais que em 2024 — e o uso de Gmini no Vertex AI cresceu 40 vezes.
O app do Gemini tem cerca de 400 milhões de usuários ativos mensais. De acordo com o Coelho, o Google observa crescimento forte e alto de engajamento com a série 2.5, especialmente o Pro. E, para aqueles que usam este modelo no app do Gemini, o uso aumentou 45%.
“Microempreendedores individuais e PMEs estão usando IA em escala: 74% das PMEs brasileiras já usam inteligência artificial em seus negócios”, frisou. O uso tem sido para automatização de tarefas de repetição, revisões de documentos e apoio à criação de conteúdo em redes sociais. Segundo o Google, as PMEs veem a IA como um apoio na rotina do dia a dia, já que nem sempre contam com um time grande e recursos.
Coelho destacou que é preciso avaliar a inteligência artificial principalmente em áreas emergentes como ciência, informação — “quanto mais respostas, mais perguntas; 15% de todas as buscas por dia são novas”, disse — e 3-futuro do trabalho.
“Temos de ter clareza de que no centro de tudo temos uma mudança que são agentes que tem a inteligência artificial com currículo. Estamos a um passo de ter pequenos humanóides”, ressaltou, chamando a atenção para a necessidade de as pessoas trabalharem junto com a tecnologia e não tentando evitá-la.
Trata-se, segundo Coelho, de como adaptar a forma de trabalho para ficar mais eficiente com uso de inteligência artificial. Finalizando a palestra em tom otimista, o presidente do Google defendeu que a grande oportunidade do Brasil está na transição tecnológica e em áreas como agricultura, clima e energia. Mas, para tanto, é preciso fechar a lacuna educacional, ter visão de desenvolvimento e fomentar um ambiente de valorização do brasileiro.