Somos Educação usa genAI com AWS

A Somos Educação, empresa do grupo Cogna focada no ensino básico, utilizou a plataforma da Amazon Web Services (AWS) para desenvolver o Plu, um assistente virtual com IA generativa para auxiliar os professores no planejamento de suas aulas.

Na prática, o professor interage com o assistente dentro da Plurall, plataforma digital que a Somos oferece para escolas clientes. Dentro dela, o Plu ajuda a gerar planos de aula, questões de provas, resumos e adaptações de conteúdo.

“Focamos numa estratégia que é, em primeiro lugar, buscar produtividade para esses professores. O tempo de preparação deles é muito escasso, então desenvolvemos uma série de recursos para esse professor fazer a aula dele”, conta Rafael Augusto Teixeira, head de tecnologia da Somos Educação.

Como a Somos produz conteúdo para 11 sistemas de ensino e três editoras, o assistente se alimenta desses materiais internos, sem buscar conteúdo na Internet e evitando as chamadas “alucinações”, quando modelos de IA dizem coisas que não existem. 

“Diferente dele usar um Chat GPT ou outra ferramenta que busca esse conhecimento na Internet, ele vai nos nossos conteúdos. Então é um conteúdo que o professor conhece, tem confiança e também tem o livro na mão para fazer os ajustes e comparações”, destaca Teixeira.

De acordo com o executivo, a solução tem uma abordagem bastante conservadora. Caso uma pergunta de química seja feita na biologia, por exemplo, o assistente vai indicar o local correto para o usuário fazer a pergunta.

Outro exemplo é que, quando ele recebe o comando para gerar uma prova de 15 questões sobre DNA, mas aquele conteúdo não é suficiente para gerar questões de qualidade, ele vai gerar só sete.

“Essa restrição também facilita muito para gerar confiança, porque a gente só responde o que é certo. Procuramos fazer uma coisa muito consciente, investimos muito em guardrails, evitando que a IA conte piadas ou responda perguntas de cunho racista ou sexual”, ressalta Teixeira.

Cliente da AWS desde 2014 e hoje com 98% da sua infraestrutura na provedora de nuvem, a Somos Educação começou a investir em inteligência artificial em 2023 e desenvolveu a ferramenta no ano seguinte, fazendo pilotos em escolas parceiras. 

Em janeiro deste ano, o Plu foi liberado para todas as clientes do setor privado, incluindo Ensino Fundamental, Ensino Médio e pré-vestibular.

Até abril deste ano, mais de 110 mil usuários geraram cerca de 262 mil questões, 214 mil provas e mais de 168 mil planos de aula através do assistente. No recurso que gera imagens para ilustração, foram mais de 60 mil imagens criadas.

A cada interação, o profissional pode dizer se curtiu ou não o resultado. De todos os feedbacks em cima de questões, 70% foram positivos. Nos planos de aula, a satisfação foi de 86%. 

Segundo a empresa, 80% dos professores que usaram a ferramenta uma vez, usaram novamente.

“Ela não vai, de forma nenhuma, substituir esse docente. Aqueles 15, 20, 30 minutos que o professor gastaria para fazer uma atividade do zero, são economizados com IA e ele aplica o restante do tempo para colocar a qualidade dele, a visão dele, as características e outras questões que enriqueçam mais ainda essa aula”, pontua Teixeira. 

Ao longo deste ano, a Somos colocou mais dois recursos no assistente: a geração de vídeos e a geração de slides. No primeiro trimestre do ano, foram gerados 61 mil slides. Em cerca de 15 dias, o número de vídeos chegou a 2,7 mil.

O terceiro lançamento será voltado à inclusão de alunos com neurodivergências, com uma ferramenta que utiliza IA para ajudar a construir o Plano de Ensino Individualizado (PEI), uma exigência legal para trabalhar com esses alunos.

“Esse trabalho é muito oneroso porque envolve diversos tipos de profissionais, laudos, são muitas variáveis. A escola tem que definir quais condições percebe nesse aluno, vir com as estratégias de ensino, com as adaptações de material que precisa ser feito. Nós, enquanto produtores de conteúdo, precisamos nos preocupar com isso também”, explica Teixeira. 

Olhando para um grande volume de dados e alunos, a expectativa da Somos Educação é acelerar o processo em cerca de 60%. A partir de janeiro do ano que vem, a solução deve estar disponível para todas as instituições privadas do ecossistema.

Outra funcionalidade que deve chegar ao mercado em 2026 é a predição e sugestão através da IA. Ao coletar todos os dados de performance, avaliação e engajamento na plataforma, a ferramenta vai fazer análises e trazer insights sobre cada turma.

Através de um painel, o professor vai ter acesso aos indicadores de performance e a IA vai começar a trazer recomendações de quais deficiências cada turma tem e quais habilidades precisa reforçar, sugerindo atividades extras e avaliações.

“Só nos primeiros dois meses deste ano, foram mais de 2 milhões de avaliações que a gente aplicou pela plataforma. E olhar toda essa massa de dados é muito complexo, até mesmo para as escolas”, destaca Teixeira. 

Para gerar essas ferramentas, a Somos Educação utiliza diversos modelos de IA dentro da AWS. Os mais frequentes são os da startup americana Anthropic e, para gerar imagens, a empresa usa a solução da britânica Stability.

“O conceito da IA responsável é transversal, então esses grandes parceiros já vêm com um certo nível de segurança e a gente coloca mais uma camada em cima. Até o presente momento, não temos nenhum registro de que a IA deu uma resposta que não deveria”, ressalta Teixeira.

Hoje, o time de tecnologia da Somos Educação conta com mais de 80 pessoas entre desenvolvedores, testers, infra, devops e segurança. Para os projetos de IA, foi criado um núcleo focado em acelerar esse assunto.

“Toda nossa arquitetura é usando agentes de IA que se comunicam por trás da tecnologia, até para que a gente se conecte e tenha outras soluções no próprio grupo Cogna. A nossa ideia é criar uma rede de conexão entre esses agentes para cada vez mais levar serviços para as instituições”, acrescenta Teixeira.

Fundada em 2015, a Somos Educação atua com sistemas de ensino, editoras e soluções de ensino complementar, além de uma plataforma de aprendizado digital e de e-commerce. Entre as suas marcas mais conhecidas, estão Anglo, PH, Maxi, Ético, Pitágoras e Amplia.

Hoje, a empresa atende mais de 5,8 mil escolas, 100 mil professores e 2,7 milhões de alunos, sendo metade no setor público (em seis estados) e metade no privado.

No mercado há 19 anos, a AWS tem mais de 240 serviços a partir de 114 zonas de disponibilidade em 36 regiões geográficas.

A companhia tem planos anunciados para 16 novas zonas de disponibilidade e mais cinco novas Regiões da AWS no Chile, Nova Zelândia, Reino da Arábia Saudita, Taiwan e a Nuvem Soberana Europeia da AWS.

No seu portfólio, estão milhões de clientes, desde startups a grandes empresas e agências governamentais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima

Obrigado por escolher a Melhor!

Escolha a cidade que deseja atendimento!