O MeuPatrocínio, site que se apresenta como referência em “relacionamento sugar” no Brasil, está dando um passo para entrar no mundo real, com evento rodeado de segredo previsto para acontecer em São Paulo no final de agosto.
Nas últimas semanas, o site vem fazendo divulgações em série. Primeiro, que os ingressos VIPs masculinos, a R$ 10 mil por cabeça, estavam esgotados.
Os ingressos femininos, que saem por R$ 440, também estão esgotados. Restam as entradas normais para o público masculino, que saem por R$ 3,3 mil.
As diferenças de preços de ingressos se explicam pelo modelo de negócio do MeuPatrocínio, que se propõe a conectar homens com dinheiro (os chamados “sugar daddies”) com mulheres bonitas interessadas em um estilo de vida luxuoso (as chamadas “sugar babies”).
Segundo as cifras divulgadas pelo MeuPatrocínio, o site tem quase 10 milhoes de “sugar babies” cadastradas, para 2 milhoes de “sugar dadies”.
(O inverso também é possível, com 3,6 milhões de “babies masculinos” para 392 mil “sugar mommies”).
O número de pessoas que compraram um tíquete daria uma dimensão da empresa na vida real, mas a MeuPatrocínio não abre essa informaçao, ou mesmo onde vai acontecer a festa.
A empresa só disse que os convites respeitam uma “proporção áurea” de três mulheres para cada homem, além de outros detalhes orientados a vender o peixe para potenciais interessados.
Homens devem comparecer de passeio completo ou smoking, e mulheres, com vestidos longos e elegantes, e depois, das 21h, o uso de celulares e câmeras após 21h no salão principal.
O clima de mistério e sigilo será reforçado, ainda, com o uso de máscaras venezianas, disponíveis para todos os presentes.
“Queremos proporcionar uma experiência única, que celebre os nossos usuários com a sofisticação que o nosso público valoriza. A exclusividade está no DNA da nossa plataforma, e a festa de 10 anos é o ápice dessa proposta”, afirma Caio Bittencourt, diretor de marketing do MeuPatrocínio.
O MeuPatrocínio fala em “hipergamia”, o termo usado para descrever a prática de buscar um parceiro romântico ou sexual que esteja em uma posição social, econômica, educacional ou de status superior.
Ainda segundo o MeuPatrocínio, o perfil do sugar daddy é de um homem com renda média de R$ 98 mil e cerca de 35 anos disposto a gastar com experiências exclusivas; já a sugar baby é uma mulher de cerca de 27 anos interessada em homens mais ricos e que as apoiem financeiramente.
Segundo uma pesquisa realizada em 2025 em parceria com o Instituto QualiBest, a plataforma revelou que 30% dos jovens da Geração Z teriam interesse no “relacionamento sugar”.
Uma dose de ceticismo é recomendada ao avaliar as cifras divulgadas pelo MeuPatrocínio, mas o fato é que há um movimento de digitalização no que se poderia definir como “relacionamentos como serviço”.
O case mais famoso é o Fatal Model, o maior portal de anúncios para acompanhantes do Brasil, que afirma ter 20 milhões de usuários mensais na plataforma.
Uma matéria da Exame fala em um faturamento de R$ 85 milhões em 2023, com a meta de passar dos R$ 100 milhões em 2024.
Apesar de não serem exatamente concorrentes, a Fatal Model e a MeuPatrocínio tem modus operandi parecidos.
Ambas estão sempre em busca de publicidade gratuita. A Fatal Model é mais agressiva, com direito a patrocínio milionários de clubes de futebol, enquanto a MeuPatrocínio tem uma estratégia mais modesta, baseada na divulgação de notas para a imprensa.
Os donos das duas empresas não aparecem e colocam como fontes para a mídia gerentes de marketing.