Golpistas estão usando o serviço de e-mails patrocinados do Google para dar golpes no Brasil, se fazendo passar por empresas como os Correios para fazer phishing.
A prática foi revelada numa extensa reportagem no Jornal Nacional nesta terça-feira, 2, o que certamente não deve ajudar muito a imagem da gigante na população.
O serviço de e-mail patrocinado pode ser adquirido por pessoa física ou jurídica, e o contratante escolhe o público-alvo e a localização dos destinatários, sem saber exatamente para quem as mensagens serão enviadas, pois essa é uma responsabilidade do Google, que identifica os perfis de interesse e realiza o disparo — neste caso, de e-mails fraudulentos.
É possível ver o nome e o CNPJ de quem pagou pelo disparo. No caso da fraude revelada pelo Jornal Nacional, trata-se de uma mulher numa pequena cidade na Zona da Mata mineira, que não fazia a menor ideia do que se tratava o tema.
Muito provavelmente, os dados foram roubados por criminosos interessados em enganar pessoas para obter informações confidenciais, como senhas, números de cartão de crédito ou dados pessoais.
Para passar a autenticidade, os criminosos pagam à plataforma pelo envio de e-mails patrocinados, utilizando a logomarca dos Correios, identificação de portal de encomendas da instituição e títulos que indicam pendência de pedido.
A mensagem, que chega com a identificação de e-mail patrocinado, afirma que há uma encomenda aguardando regularização e indica um link para início dos procedimentos de suposta liberação do produto.
Ao clicar no link, a vítima é encaminhada para um site falso, mas idêntico ao dos Correios, onde são solicitados dados pessoais como endereço, número de telefone, número de identidade, passaporte e CPF para um suposto rastreamento de encomendas com pedido para pagamento de taxas para liberação.
O Google, mesmo reconhecendo que os dados da pessoa pertenciam a uma empresa de serviços domésticos, aceitou o envio dos e-mails com a logomarca da estatal brasileira.
A plataforma respondeu à reportagem do Jornal Nacional dizendo que tem políticas de publicidade e que os anunciantes devem segui-las.
Afirmou também que utiliza uma combinação de revisão humana e inteligência artificial para detectar violações e que, só em 2024, mais de 200 milhões de anúncios foram removidos.
A gigante não está sozinha ao servir de escada para golpistas no Brasil. O Instagram, da Meta, é também um destino frequente de anúncios de serviços fake, servindo como porta para entrada para diferentes golpes.