Por que o Pix entrou na mira de Trump?

O Pix é o mais novo alvo do presidente americano Donald Trump, que abriu um processo de investigação contra o Brasil através do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês).

Embora o documento divulgado não cite especificamente o nome do sistema, fala em “serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo” e o Pix é o único sistema governamental para esse fim.

“O Brasil parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, diz o USTR.

Em outro trecho, o documento afirma que o Brasil “se envolve em uma variedade de atos, políticas e práticas que podem prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento eletrônico”.

Neste contexto, as principais concorrentes americanas seriam o WhatsApp Pay, da Meta, as bandeiras de cartões de crédito Visa e Mastercard e carteiras digitais como Google Pay e Apple Pay.

Em dezembro do ano passado, entretanto, o WhatsApp descontinuou no Brasil a função de pagamento entre pessoas com cartão de débito no aplicativo.

“Para as bandeiras de cartão de crédito, o Pix é uma ameaça no Brasil. É claro, óbvio. E à medida que o Pix ganha novas funcionalidades, como agora o Pix automático, e talvez no futuro o Pix que vai permitir fazer pagamentos parcelados, vai ser uma grande ameaça ao futuro do cartão de crédito”, disse Ralf Germer, CEO da PagBrasil, ao G1.

Lançado em novembro de 2020, o Pix bateu recorde de volume transferido em 2024 ao somar R$ 26,46 trilhões, alta de 54,6% na comparação com o ano anterior. No número de transações, chegou a 63,5 bilhões no período.

“Trata-se de um sistema que promoveu inclusão financeira, reduziu custos, eliminou intermediários e aumentou a eficiência do sistema bancário. É curioso ver um governo que se diz a favor da inovação ameaçar justamente um dos modelos mais bem-sucedidos de integração entre finanças tradicionais e criptoeconomia”, opina Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank.

Em março do ano passado, a própria embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Brasil passaram a aceitar o Pix como opção de pagamento da taxa de solicitação de visto.

De acordo com o jornal O Globo, essa não é a primeira vez que um sistema de pagamento é criticado pelos EUA. Um sistema de pagamento semelhante criado na Indonésia, o QRCI, também entrou na mira do presidente americano.

O QRIS foi considerado uma barreira comercial não tarifária pelo USTR em relatório que sustentava os argumentos para o governo Trump impor uma tarifa de 32% sobre as importações da Indonésia.

Após negociações, o governo Trump fechou acordo com a Indonésia baixando a taxa para 19%. Não foi revelado se o governo indonésio fará mudanças no seu sistema de pagamento ou se as críticas americanas foram só elemento de pressão.

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