Nina Schick: tecnologia significa dominância na geopolítica do século 21

“Ainda estamos na parte fundamental do que acredito que será a história geopolítica do século 21 — e a verdade subjacente por trás dessa história é que tecnologia é sinônimo de dominância e de tudo o que importa para a soberania de uma nação, sua economia, sua influência global e sua segurança está a jusante da tecnologia. Isso sempre foi verdade”, respondeu Nina Schick, CEO da Tamang Ventures, ao ser questionada sobre a batalha que se faz, atualmente, em cima de inteligência artificial.

Schick é autora, empreendedora e especialista em IA. Ela palestrou no 52°Seminário Nacional de TIC para a Gestão Pública (Secop) e deu entrevista exclusiva à CDTV, do portal Convergência Digital. A tecnologia do momento, a inteligência artificial, aparece como muito mais poderosa do que qualquer tecnologia do passado e vem incrementando capacidades em uma velocidade nunca vista antes. Por isso, é tão poderosa.

“Com essas capacidades incríveis, o que vemos com a IA é a mercantilização da própria inteligência, que transformará completamente tudo o que se conhece na economia e na sociedade, mas acho que estamos apenas no início de uma batalha global pelo status de superpotência em IA, que definirá o resto do século”, assinalou.

Nessa dinâmica que se forma, capacidade energética e fabricação de semicondutores são chave. Como cada país está se organizando e se preparando para esse novo mundo da IA? “Acho que muitos países não estão, porque muitos formuladores de políticas e muitos líderes ainda não entenderam o que está em jogo aqui”, enfatizou a especialista em IA, explicando que nem todo país pode competir com a China, mas todo país terá que estar em algum tipo de aliança, alguma esfera de influência ou ter algum tipo de estratégia.

“Entender a natureza dessa corrida geopolítica, antes de mais nada, é essencial para todos os países e todas as regiões do mundo. E vemos certas regiões do mundo que levam isso muito a sério. Estou pensando nos Estados do Golfo, por exemplo”, disse. “Eles sabem que não são a China nem os Estados Unidos e, ainda assim, estão começando a construir uma infraestrutura soberana, porque querem controlar sua própria inteligência como uma mercadoria”, continuou.

Com relação ao Brasil, Schick destacou que uma vantagem gritante é obviamente a enorme riqueza em recursos minerais e naturais. “Considerando a importância desses minerais e recursos naturais não apenas para a mercantilização da IA em escala, mas também para todos os produtos de manufatura avançada que surgirão, os novos mercados, as novas indústrias como robótica e veículos elétricos que surgirão disso”, explicou.

Falando de futuro, Nina Schick enxerga IA se tornando uma commodity, uma vez que estará integrada a tudo, assim como a eletricidade é hoje. E isso significa ter uma commodity em escala industrial. Para tanto, “é necessário construir muita infraestrutura e o custo terá que ser reduzido, porque, caso contrário, será muito caro escalar”, conforme explicou.

Para ela, a mercantilização da inteligência como uma commodity barata já está em andamento, citando os custos de inferência caindo drasticamente — 99,9% nos últimos quatro anos. Assista a entrevista com Nina Schick, CEO da Tamang Ventures.

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