A Deezer, plataforma global de streaming musical, revelou que recebe diariamente mais de 30 mil músicas totalmente geradas por inteligência artificial (IA), o que corresponde a 28% de todo o conteúdo entregue à plataforma. Os dados foram divulgados junto com informações sobre a ferramenta própria de detecção de músicas criadas por IA, em operação desde o início do ano.
Em janeiro, apenas 10% das faixas recebidas eram sintéticas; em abril, o índice subiu para 18% e, agora, atinge um recorde de 28%. Desde junho, a Deezer passou a identificar explicitamente músicas geradas por IA, tornando-se a primeira plataforma a adotar essa prática.
Segundo o CEO da empresa, Alexis Lanternier, a medida busca equilibrar inovação e proteção ao mercado musical. “Removemos conteúdos totalmente gerados por IA das recomendações algorítmicas e não os incluímos em playlists editoriais. Assim, reduzimos o impacto nos royalties e garantimos uma experiência transparente para os usuários, além de combater fraudes”, afirmou.
Embora a música gerada por IA represente apenas 0,5% dos streams na Deezer, a plataforma identificou que 70% dessas reproduções são fraudulentas, muitas vezes criadas para manipular o sistema de royalties. Nestes casos, os acessos são desconsiderados no cálculo de repasses a artistas.
A ferramenta de detecção desenvolvida pela empresa é capaz de identificar faixas produzidas por modelos como Suno e Udio, além de se adaptar a novas tecnologias, mesmo sem conjuntos de dados específicos para treinamento. Em dezembro de 2024, a Deezer solicitou duas patentes relacionadas a esse sistema, baseadas em métodos distintos para diferenciar conteúdo sintético de material original.
O crescimento da música gerada por IA ocorre em um momento de preocupação do setor. Um estudo realizado pela CISAC e PMP Strategy aponta que quase 25% da receita de criadores pode estar em risco até 2028, o equivalente a 4 bilhões de euros.
A Deezer afirma que seguirá liderando ações para proteger artistas e criadores, mantendo sua posição como única plataforma a assinar a declaração global sobre treinamento de IA, que defende o respeito aos direitos autorais no desenvolvimento de modelos generativos.