O futuro dos softwares de gestão empresarial na era da inteligência artificial será conversacional, descomplicado e complementar à capacidade humana.
Esta é a visão apresentada por Carlênio Castelo Branco, CEO da Senior Sistemas, uma das maiores empresas de ERP do Brasil, apresentada durante keynote no Senior Experience, primeiro evento nacional da companhia, realizado em São Paulo nesta semana.
“O mercado está mudando e o software de gestão será completamente diferente. Ele será baseado em linguagem natural, conversacional e talvez nem tenha mais a interface de hoje. Será muito mais simples, com automação e milhares de agentes inteligentes dando suporte”, afirmou Branco para um público de 2 mil pessoas.
Segundo o CEO da Senior, a inteligência artificial surge nesse cenário como um motor de produtividade e personalização para as organizações.
“Isso não é sobre inteligência artificial, mas sobre inteligência humana personalizada pela tecnologia. Não estamos falando de algo distante. Isso já está acontecendo. O mercado de ERP está prestes a atravessar uma verdadeira revolução”, continua.
Uma pesquisa conduzida pela Morning Consult neste ano em conjunto com a Lopez Research, revelou que o Brasil figura entre os mercados mais engajados no uso de IA, com um investimento previsto de US$ 2,4 bilhões na tecnologia até o final de 2025, liderado por inteligência artificial generativa e agentes autônomos.
“As empresas não podem ficar incomodadas, porque é uma nova revolução, como a gente viveu com a revolução industrial e com a web. As empresas não podem ter receio em fazer parte disso”, analisa o CEO.
Para Castelo Branco, o desafio agora diz respeito à transformar essa adoção em valor estratégico.
A própria Senior vem apostando na tendência. Hoje, as operações da companhia contam com inteligência artificial em áreas internas como jurídica, financeira e marketing.
“Cada um desses sistemas tem agentes incorporados e com esses agentes incorporados, processos que eram antes manuais, usando as telas, passam a ser automáticos através de simples perguntas para o agente. Tudo o que fazemos precisa primeiro funcionar dentro de casa. Só assim conseguimos oferecer tecnologia que realmente transforma o dia a dia dos nossos clientes”, explica Castelo Branco.
Os agentes da empresa disponíveis no mercado, por exemplo, já potencializam entradas para além dos processos, pensando em antecipar decisões, guiar líderes e desbloquear novos níveis de eficiência.
A percepção do CEO se reflete também nos painéis de outras lideranças da Senior durante o evento, que mostraram como a IA já redefine setores inteiros da economia.
No painel sobre gestão de pessoas, Jéssica Ariane, head executiva de produtos da vertical de HCM, destacou que a nova era da inteligência artificial é “mais sobre pessoas do que sobre tecnologia”.
De acordo com a executiva, o trabalho humano passa a coexistir com agentes digitais especializados.
“Esses agentes executam processos e tomam decisões, enquanto o colaborador cria e ajusta o agente para sua área. O resultado são equipes híbridas e mais produtivas, com a IA como um parceiro digital sempre disponível. Estamos falando de algo transformacional e disruptivo”, afirma Ariane.
Dentro do agronegócio, o impacto da IA também é decisivo. Graciele Lima, head de produtos para o setor, acredita que a gestão ampliada dos negócios é o segredo dos bons resultados, tendo a tecnologia como alavanca.
“Ela traz benefícios econômicos, melhoria na tomada de decisões e efetividade. O futuro do agro é a IA, mas é preciso investir em pessoas e gestão inteligente de dados”, diz Lima.
A transformação também chega à área de segurança e gestão de terceiros. Silvano Barbosa, head de produtos da unidade de GRS, apresentou dados que apontam 15 milhões de trabalhadores terceirizados no Brasil, número que deve dobrar até 2040.
“Os riscos financeiros, fiscais e jurídicos associados à terceirização podem chegar a bilhões de reais. A digitalização e o uso de IA em tempo real ajudam a reduzir perdas e elevar a eficiência operacional”, afirma.
De acordo com ele, os principais ofensores ainda são processos analógicos e informações dispersas, o que pode ser mitigado pela gestão digital com dashboards analíticos, ações pró-ativas, educação corporativa, velocidade na resposta e melhorias nas negociações.
“Sistemas que antes eram vistos apenas como ferramentas, passam a se tornar centros de inteligência estratégica para as empresas. A IA é uma tecnologia diferente das outras. Ela é muito mais barata. Os ganhos de produtividade aparecem muito rápido. Ela veio para ficar”, conclui Castelo Branco.
Sediada em Blumenau, Santa Catarina, a Senior Sistemas está há mais de 35 anos no mercado. A companhia possui 11 filiais, 3 mil funcionários, mais de 160 canais de distribuição e mais de 13 mil clientes. Entre eles, estão os Correios, Magazine Luiza, Volkswagen e Weg.
Em 2024, a empresa faturou R$ 975,9 milhões, alta de 16,8% frente ao ano anterior. Nos próximos oito anos, a meta é quintuplicar sua receita anual, chegando R$ 5 bilhões em 2033.
Com mais de 70 grandes nomes de especialistas em inovação e negócios confirmados como palestrantes na primeira edição nacional do Senior Experience, o evento realizado no Transamérica Expo Center foi pensado para profissionais de mercado, líderes e C-levels que buscam atualização em temas como gestão, tecnologia, economia e inovação.
A plenária principal contou com personalidades como Marcos Piangers, Junior Borneli, Ana Paula Padrão e o tricampeão mundial de tênis profissional Guga Kuerten.
