A discussão em pauta no Brasil sobre o Redata, Medida Provisória, que cria um regime especial para data centers, deve ser feita de forma responsável, pensando na geração de receitas e de empregos no longo prazo. O alerta foi feito pelo presidente da Dell Technologies Brasil, Diego Puerta, em coletiva de imprensa durante o evento Dell Technologies Forum 2025, realizado em São Paulo, nesta quinta-feira (9/10). “O data center é uma grande obra obra de real estate, que, no fim do dia, não gera tantos empregos”, disse.
Outro ponto destacado pelo executivo diz respeito à matriz de energia elétrica, que, apesar de limpa, não é consistente. “O Brasil gera energia de dia, mas data center usa também à noite”, apontou. De fato, para além da alta capacidade de geração de energia limpa — como eólica e fotovoltaica —, um dos entraves atuais no País é a lacuna de capacidade de transmissão. A infraestrutura elétrica de distribuição da energia gerada é antiquada.
“Não sou contrário [ao Redata]; acredito na oportunidade, mas ela tem de ser feita de forma correta. É quase um extrativismo moderno, usando Brasil para energia”, destacou Puerta, para quem o movimento da MP é correto, mas tem de ser feito da forma correta, focando na geração de mais empregos e divisas para o País — e não simplesmente importando servidores para usar a energia elétrica produzida aqui.
“Minha crítica não é sobre Redata, mas como podemos fazer ele de fato benéfico”, ressaltou, defendendo que não deveria focar apenas em importar o que é produzido no mercado oriental. A ideia seria incentivar a produção local.
Puerta aproveitou para relembrar que a Dell construiu infraestrutura de manufatura que atende às ambições de longo prazo da empresa no Brasil. “Não temos gargalo de infraestrutura de fábrica, temos espaço para mais turnos e fábrica no Brasil é uma referência global e um dos grandes ativos da Dell no Brasil, que nos dá uma vantagem competitiva muito grande”, apontou.
No entanto, a fábrica atende apenas ao mercado nacional, porque, segundo Puerta, os impostos brasileiros não permitem que a manufatura daqui seja competitiva para exportação.
Fim do suporte do Windows 10 — Ao repercurtir o fim do suporte ao Windows 10 pela Microsoft, Puerta disse que a Dell conseguiu dimensionar a demanda de forma correta. “Estou satisfeito”, apontou, ao mesmo tempo em que ponderou que a procura real não foi tão aquecida quanto estimativa que o mercado previa. “Conseguimos dimensionar bem.”