No que vai dar a nova E-Ciber, a estratégia nacional de cibersegurança?

Por Eder Souza*

O Brasil tem agora uma segunda versão para a Estratégia Nacional de Cibersegurança (E-Ciber), sendo que a primeira é datada de 2020, e promete um novo nível de maturidade e governança para a cibersegurança do País.

Essa nova versão para o E‑Ciber foi instituída pelo Decreto nº 12.573, em 4 de agosto de 2025 e elaborada pelo Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), composto por 25 instituições, sendo 16 governamentais e 9 da sociedade civil, trazendo um avanço na ampliação a governança e maturidade do tema no Brasil.

O novo decreto traz um importante avanço em termos normativos e estratégicos na cibersegurança federal, sendo que seus quatro pilares trazem uma abordagem contemporânea e alinhada às melhores práticas internacionais sobre o tema.

Porém, sua execução dependerá de três fatores decisivos:1) capacidade de liderança e 2) coordenação clara por parte do órgão envolvidos, e 3) recursos orçamentários consistentes, principalmente em uma época de escassez, estabelecimento de métricas e cronogramas para acompanhar a maturidade das ações. Sem esses elementos, corre-se o risco de tornar uma política promissora em algo meramente ilustrativo, sem efeito prático.

Para entender melhor o contexto, a nova estrutura E‑Ciber traz 4 eixos temáticos:

  1. Proteção e conscientização da sociedade, que envolve educação formal e informal para todos os públicos, com atenção especial a crianças, idosos e grupos vulneráveis;
  2. Segurança e resiliência de serviços essenciais e infraestruturas críticas, que inclui setores como energia, telecomunicações e saúde, com foco em prontidão, padrões mínimos, certificação de produtos e redução do déficit tecnológico;
  3. Cooperação e integração entre órgãos públicos e privados, prevendo maior intercâmbio de informações, estruturas especializadas e um sistema nacional de notificação de incidentes, além de cooperação internacional;
  4. Soberania nacional e governança, visando reduzir dependência de tecnologias estrangeiras, incentivar o desenvolvimento tecnológico nacional e centralizar regulação, fiscalização e controle.

Os objetivos principais desse novo decreto são:

  • Assegurar confidencialidade, integridade, autenticidade e disponibilidade de sistemas, dados e hardwares críticos para os serviços essenciais;
  • Promover a soberania digital, estimulando a produção nacional de tecnologias e inovação;
  • Estimular uma cultura de prevenção, mitigação e resposta a ataques cibernéticos;
  • Expandir a educação, capacitação e formação técnica em cibersegurança;
  • Estabelecer cooperação plena entre governos, poderes, setor privado e sociedade civil;
  • Desenvolver um modelo nacional de maturidade em cibersegurança para monitorar avanços e planejar ajustes;

Fortalecer o combate aos crimes cibernéticos e ampliar a cooperação internacional.

Quais serão os grandes desafios

O desafio agora é transformar cada uma das áreas estratégicas do e-Ciber em planos de ação concretos, com responsáveis designados, cronogramas claros, indicadores de desempenho e recursos financeiros adequados.

A soberania em cibersegurança no Brasil ainda terá que enfrentar alguns desafios, entre eles a integração entre os entes federativos (União, estados e municípios).Soma-se a isso, a previsão orçamentária, as políticas e estratégias de fomento para os setores público e privado, tais como os investimentos pesados em P&D, parcerias com institutos de pesquisa, startups e setor privado, que ainda enfrenta barreiras para enfrentar os avanços do cibercrime.

O modelo nacional de cibersegurança proposto no Decreto nº 12.573 depende de tudo isso. Só pra começar, mas, certamente, temos uma vantagem: o Brasil sabe superar seus desafios. E estaremos juntos nesta jornada.

(*) CTO da e-Safer.

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