Brasil e Chile, se superarem suas ineficiências, têm tudo para se tornarem um paraíso para data centers. A análise consta de um relatório do BTG Pactual sobre impacto na demanda por data centers na América do Sul. O documento aborda o crescente impacto da inteligência artificial (IA) na demanda global por centros de processamento de dados, destacando a pressão exercida sobre as cadeias de suprimentos de energia e equipamentos nos Estados Unidos.
“A América do Sul — em especial o Brasil e o Chile — parece contar com a maioria dos recursos necessários para que o boom de data centers se encaminhe para a região”, diz o documento, apontando ainda que ambos os países podem atrair investimentos, caso avancem em marcos regulatórios adequados, priorizando regras de dados que facilitem negócios e a favor da segurança, além de aproveitar a infraestrutura energética já existente.
Além disso, o setor elétrico também poderia ganhar com contratos mais longos e robustos, além da redução das restrições. As distribuidoras de energia nas regiões impactadas se beneficiariam de maiores investimentos (e consequente expansão da RAB). Já a economia e a força de trabalho dos países poderiam capturar ganhos significativos.
Isso porque a alta demanda por eficiência energética está colocando forte pressão sobre várias cadeias de suprimento. Tanto o Brasil quanto o Chile apresentam dados suficientes para demonstrar a disponibilidade de energia (renovável) para atender à demanda de data centers e da inteligência artificial, que é altamente intensiva em energia.
O relatório aponta que, caso os países consigam capturar essa oportunidade, empresas podem se beneficiar. No Brasil, o BTG aponta Eletrobras, Auren, Copel, Engie e Cemig, devido aos seus portfólios de energia, além de todas as empresas que atualmente sofrem com restrições de produção de renováveis também poderiam se beneficiar, incluindo Equatorial, CPFL, Neoenergia e as já mencionadas. No Chile, a forma de se expor a um eventual boom de data centers na região seria por meio de Colbún, Engie Energía Chile e Enel Chile. Além disso, Vivo e Entel também poderiam se beneficiar.
No entanto, o BTG Pactual diz que a medida provisória nº 1.307 (feita para incentivar data centers no Brasil) não foi ideal. E justifica que ela “favorece geografias específicas (as zonas de exportação) e exigir que os data centers a serem instalados comprem energia de nova capacidade (quando o país atualmente dispõe de energia barata, especialmente no Nordeste, devido a um grande excesso de oferta) não parece ser o caminho ideal”. “Na nossa visão, o arcabouço em discussão não é o mais adequado para favorecer a atração de data centers de treinamento de IA. Trata-se de um campo competitivo em escala global”, frisa o relatório.