O governo brasileiro criou, no começo do mês de julho, um grupo que ficará responsável por um estudo de viabilidade para o desenvolvimento de um sistema nacional de navegação por satélite, mais conhecido como GPS, com tecnologia própria.
Segundo a CNN, essa ação ocorreu oito dias antes do primeiro anúncio do tarifaço imposto pelo governo Donald Trump ao Brasil, intensificado com questionamentos ao Pix, comércios populares, Supremo Tribunal Federal e, agora, a especulação de bloqueio ao GPS no país.
Sob resolução do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o grupo composto pela Aeronáutica, Anatel, Telebras, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Agência Espacial Brasileira (AEB) e outros órgãos terá seis meses, prorrogáveis pelo mesmo período.
Neste intervalo, os órgãos deverão apresentar um estudo e ações para propor estratégias de desenvolvimento tecnológico por meio de um sistema brasileiro de posição, navegação e tempo (PNT).
O estudo deve conter possíveis rotas e desafios tecnológicos, dependência de sistemas estrangeiros e opções de fomento para viabilizar um sistema desse porte no país.
Nesta semana, circularam rumores de que o governo americano estaria planejando desligar o sistema de GPS no Brasil, mas diversos especialistas ouvidos pela imprensa afirmam que uma ação como essa é quase impossível.
Além de ser extremamente trabalhosa, a medida não afetaria só o Brasil, mas causaria um transtorno global.
Segundo esses especialistas, não há como desligar o GPS de forma seletiva sem prejudicar outra região. O sistema depende da triangulação de sinais emitidos por satélites em órbita a 22 mil km da superfície da Terra. Portanto, se uma área fosse desligada, outra seria diretamente afetada.
Serviços das principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como Amazon, Google, Meta, Microsoft e Apple, que apoiaram a eleição de Trump, dependem do GPS e teriam seus serviços no Brasil altamente impactados.
Outro ponto importante é que não há somente o GPS americano em uso no Brasil. Outras tecnologias funcionam no mesmo modelo, como o Galileo (europeu), o Beidou (China) e o GLONASS (Rússia), todos já compatíveis com múltiplos sistemas, o que garante resiliência aos serviços de posicionamento.
Apesar de haver algumas limitações nessa ferramentas em comparação ao sistema americano, o mais antigo de todos, tal medida de bloqueio poderia se tornar um tiro no pé, pois, a médio e longo prazo, fortaleceria outras tecnologias.