DE-CIX investe em infraestrutura digital para viabilizar as aplicações de IA

Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 29, logo após a abertura do Atlantis Convergence 2025, em Lisboa, Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX, destacou as tendências mais relevantes em tecnologia, interconexão de redes e inteligência artificial, apontando como a infraestrutura digital está evoluindo para atender às demandas emergentes do mercado global.

Segundo Ivanov, o conceito central da DE-CIX é a criação de um ecossistema de interconexão gigantesco. “Temos mais de quatro mil trezentas redes conectadas em diferentes mercados, o que nos torna o maior ecossistema do mundo em termos de redes conectadas e data centers”, explicou. Ele ressaltou que, na Europa do Sul, a empresa também ocupa posição de liderança, com presença em mercados como Madrid, Barcelona, Marselha e Atenas.

Dentro desse ecossistema, a DE-CIX observa a rápida expansão de provedores de GPU como serviço. “Muitos data centers gigantes estão oferecendo instalações de GPU para treinamento de IA, mas também vemos soluções menores, que não foram construídas especificamente para IA, mas que atendem a instalações menores e podem ser integradas de forma eficiente”, afirmou. O executivo enfatizou que a plataforma da DE-CIX permite interconectar essas instalações em uma comunidade virtual de GPU, acelerando o treinamento de modelos com grandes volumes de dados graças à baixa latência, que chega a dois ou três minutos em determinadas aplicações.

Ivanov explicou que a interconexão multi-cloud da empresa foi projetada para otimizar o roteamento entre diferentes fontes de dados em nuvem, tornando o processo mais eficiente e menos complexo. Ele diferenciou o uso da infraestrutura entre treinamento de IA e inferência. No lado da inferência, destacou a importância de agentes inteligentes — “milhares ou até bilhões de agentes” — que podem atuar como IA como serviço para diversas organizações.

“Esses agentes podem atender processos padrão, como recursos humanos, relatórios financeiros e compras, ou ser específicos para setores como saúde, fintech, manufatura e logística”, detalhou. A DE-CIX, segundo Ivanov, trabalha para garantir que todos esses agentes operem em um ambiente altamente performático, seguro e de baixa complexidade, permitindo que diferentes serviços de IA sejam agregados em um único ambiente privado.

O executivo ainda indicou que a tecnologia de GPU como serviço estará disponível globalmente no início de 2026, suportando a infraestrutura ultra-ethernet da Nokia. Ele apontou cidades como Lisboa e Madrid como futuros hubs gigantescos de IA na Europa, com destaque para o grande site de gigawatts em Sines, Portugal,  que será relevante para treinamento de modelos e conexões transatlânticas. Em Madrid, espera-se crescimento de 350% nos investimentos em data centers, fortalecendo a posição da Espanha como polo de infraestrutura digital para IA.

Ao falar sobre o Brasil, Ivanov afirmou que a infraestrutura da DE-CIX já está presente em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, interligando-se com Nova York e Lisboa. Ele reforçou a importância da distribuição geográfica para aplicações sensíveis à latência, como detecção de fraudes financeiras em tempo real, que exige respostas em milissegundos, e aplicações críticas na área da saúde. “A infraestrutura precisa estar próxima dos dispositivos e usuários. Por isso, planejamos instalar exchanges próximas a cruzamentos rodoviários, parques industriais e unidades de manufatura”, explicou.

Segundo Ivanov, setores como saúde e fintech demandam respostas imediatas. Na detecção de fraudes financeiras, por exemplo, os sistemas precisam reagir em milissegundos, caso contrário, a ação criminosa já ocorreu. Da mesma forma, na saúde, aplicações que monitoram pacientes ou analisam exames em tempo real exigem que a infraestrutura de IA esteja distribuída e próxima do ponto de uso.

Outro destaque da entrevista foi o programa Space-IX, uma iniciativa que conecta provedores de satélites LEO (Low Earth Orbit) a diferentes mercados. Ivanov sonha em criar, nos próximos anos, o primeiro Internet Exchange em órbita, conectando satélites diretamente para melhorar a cobertura em regiões de difícil acesso, como o norte da Amazônia, oferecendo baixa latência para aplicações críticas. Ele destacou que operadores como Starlink, Kuiper e Project Amazon já estão conectados a plataformas terrestres da DE-CIX.

A DE-CIX, segundo Ivanov, não treina IA internamente. Em vez disso, oferece uma plataforma que permite treinamento mais eficiente, conectando GPUs e agentes de diferentes provedores e criando um ecossistema mais atrativo e seguro para empresas e organizações. Ele destacou que essa abordagem reflete o modelo de negócios tradicional da empresa: conectar milhares de redes, incluindo provedores de conteúdo, redes de acesso e plataformas de jogos, de maneira eficiente e segura.

Ivanov reforçou a necessidade de proximidade entre agentes de IA e dispositivos finais, sejam robôs, sensores ou usuários. Quanto mais próximos, melhor o desempenho de inferência e menor a latência, essencial para aplicações industriais, logísticas e de manufatura avançada. “Nosso objetivo é trazer todos esses elementos de infraestrutura juntos, otimizando o uso de GPUs para treinamento e garantindo que os agentes de IA funcionem em ambientes privados, seguros e de alta performance”, concluiu.

O jornalista viajou a Lisboa, Portugal, a convite da DE-CIX.

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