Na Conferência Gartner CIO & IT Executive, Henrique Cecci, Senior Research Director do Gartner, apresentou na segunda-feira, 22, o painel ‘O Futuro de Cloud em 2030’, em que divulgou previsões inéditas: o hype da inteligência artificial redefinirá o papel da nuvem, que deixa de ser apenas infraestrutura para se tornar plataforma de valor em meio a pressões de custo, soberania digital e demanda energética.
Apesar da ascensão da inteligência artificial, os aportes em nuvem seguem em alta. O Gartner projeta que o setor movimente US$780 bilhões em 2025, alcançando US$1 trilhão em 2027. O contraste aparece quando comparado ao investimento em IA, estimado em US$1,1 trilhão já neste ano. Não por menos, Cecci descreve 2025 como “o ano do Agentic IA”.
O executivo expõe que esse comportamento nasce da revisão das estruturas que, antes pensadas para nuvem, passam a ser executadas com inteligência artificial. Essa mudança, porém, levanta a dúvida sobre o destino dos bilhões já aplicados em cloud e como os provedores conseguirão recuperar tais investimentos.
Para o Gartner, investimentos feitos em cloud como IaaS, PaaS e SaaS passam então a ser tornos de valor e possibilitadores de industry platforms, isto é, soluções orientadas por IA para desempenho de negócios. A previsão é de que, em 2030, mais de 50% de tudo que é feito por provedores de cloud contará com inteligência artificial; hoje, esse número é inferior a 5%.
“No futuro, vocês terão um portfólio de serviços dedicados para a sua área de negócio, seja governo, seja manufatura, seja o que for. A ideia é que o provedor de cloud não vai entregar só essa camada de core [business] básica, mas vai começar a entregar outras capacidades de lidar com os dados. Cloud, na verdade, são plataformas de serviços inteligentes, estruturados e cada vez mais interligados”, explica Cecci.
Até 2030, a expectativa é 90% da estratégia de cloud seja em IA. Segundo Henrique Cecci, 80% dos serviços críticos de negócios devem ser sustentados por agentes de IA, contra menos de 10% atualmente. No mesmo período, a projeção é que a inferência represente 80% de todo o processamento realizado na nuvem.
Tempestade na nuvem
O Gartner ainda alerta que as legislações sobre dados, como a LGPD no Brasil e a GDRP na Europa, devem incentivar o comportamento de soberania digital e nuvens regionais. “Tem mais leis, mais métodos, mais obrigações. Isso vem aumentando o custo de cloud também. Se eu tiver mais leis, eu sou obrigado a ter mais datacenters e o meu custo vai aumentar. A gente prevê o aumento real do custo de cloud do mundo todo”, introduz Cecci.
Além das regulamentações, a energia desponta como outro desafio central. A expansão da inteligência artificial exige datacenters muito mais potentes, com racks que chegam a consumir quase um megawatt sozinhos. De acordo com Cecci, a tendência é que, até 2030, o consumo energético dos datacenters seja três vezes maior que o atual, criando um gargalo para a infraestrutura global.
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