Após meses defendendo publicamente que a internet “segue em expansão” e que a inteligência artificial não estaria prejudicando o tráfego online, a Google reconheceu em um documento judicial que a “web aberta já está em rápido declínio”. A admissão, destacada pelo analista Jason Kint e divulgada pelo Search Engine Roundtable, contrasta com o discurso recente da empresa sobre a saúde do ecossistema digital.
O documento foi entregue na semana passada como parte de um processo que definirá medidas para enfrentar o monopólio do Google no setor de publicidade digital. O Departamento de Justiça dos EUA recomenda a divisão da área de anúncios da companhia, mas a Google alega que essa solução seria contraproducente, pois “apenas aceleraria” a decadência da web aberta e prejudicaria editores que dependem da receita de publicidade exibida fora de plataformas fechadas.
A posição diverge das falas de executivos da empresa nos últimos meses. Em maio, o CEO Sundar Pichai afirmou que a Google estaria “enviando tráfego para uma gama mais ampla de fontes e editores” após a adoção de ferramentas de busca com IA. O vice-presidente sênior de conhecimento, Nick Fox, disse em um podcast que “a web está prosperando”, enquanto a chefe da Google Search, Liz Reid, contestou estudos que apontam queda nos cliques com os resumos de IA, afirmando que o volume de acessos se mantém “relativamente estável” em relação ao ano anterior.
Na prática, no entanto, diversos editores digitais e donos de sites independentes relatam queda de audiência, atribuída tanto a mudanças no algoritmo de busca quanto ao avanço de chatbots baseados em IA, que reduzem a necessidade de o usuário clicar em links externos.