IA Generativa e Agêntica: quem vai liderar e quem vai seguir?

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa para se tornar um vetor estratégico indispensável à inovação e à eficiência corporativa, o que exige dos CIOs uma atuação cada vez mais precisa e alinhada à evolução dos negócios.

No Brasil, para esses profissionais, compreender e dominar as nuances das atuais tendências de IA é imperativo para assegurar a liderança e a competitividade no dinâmico mercado nacional. Avanços cruciais e ações estratégicas demandam atenção imediata em um cenário de constante evolução.

A velocidade da transformação impulsionada pela IA é, de fato, impressionante. A consultoria McKinsey & Company reforça essa percepção ao estimar que a IA generativa, por si só, tem o potencial de adicionar trilhões de dólares à economia global anualmente.

Tal projeção sinaliza mais que um avanço tecnológico: indica uma profunda reconfiguração nos modelos de negócio e nas cadeias de valor, com impacto direto nas operações.

Neste contexto, a IA generativa (GenAI) assume protagonismo. Em 2025, ela avança da fase de experimentação para uma integração mais madura e escalável nos processos de negócio.

Para os CIOs, isso se traduz em oportunidades concretas, como a notável aceleração no desenvolvimento de software, em que ferramentas de GenAI para geração de código, testes automatizados e documentação técnica estão se tornando padrão na indústria.

O Gartner, por exemplo, prevê que, até 2027, 70% dos desenvolvedores profissionais usarão plataformas de desenvolvimento assistidas por IA. Além disso, a capacidade da GenAI de criar conteúdo altamente customizado e otimizar interações com clientes abre novas oportunidades para a hiperpersonalização e ganhos de eficiência. Contudo, essa integração exige ajustes finos em planos, processos e infraestrutura.

A maturidade na adoção da GenAI passa por decisões estratégicas que envolvem desde a curadoria de dados até a escolha de arquiteturas tecnológicas capazes de sustentar o desempenho esperado. A qualidade dos dados de treinamento é primordial. Questões como “alucinações” – respostas incorretas geradas pela IA –, vieses algorítmicos e a conformidade com a propriedade intelectual exigem atenção. Além disso, a segurança dos dados, especialmente ao lidar com modelos de linguagem grandes (LLM) hospedados em nuvens públicas, e o custo operacional crescente dessas soluções na nuvem emergem como preocupações significativas.

Muitos CIOs brasileiros já consideram a adoção de infraestruturas locais, com ambientes de processamento dedicados, como alternativa estratégica para garantir desempenho, controle de dados sensíveis e previsibilidade de custos. Esse caminho reforça a importância de uma base tecnológica robusta e atualizada como forma de mitigar despesas e, em certos casos, reforçar o controle sobre dados sensíveis.

Indo além da geração de conteúdo, a IA agêntica (Agentic AI) surge como uma força transformadora em 2025, como apontado por consultorias como KPMG e EY. São sistemas de IA projetados para agir de forma autônoma.

Para os CIOs, a IA agêntica promete uma nova era de hiperautomação, em que “colaboradores digitais” podem gerenciar projetos, otimizar cadeias de suprimentos ou conduzir análises de mercado complexas com mínima intervenção humana.

O potencial é imenso. Ao mesmo tempo, introduz novos desafios de governança, controle e segurança ao exigir que os líderes de TI comecem a definir estruturas para a experimentação e integração segura de agentes autônomos.

Por conta desses avanços, a necessidade de governança de IA e IA explicável (XAI) torna-se ainda mais premente. À medida que a IA, seja ela generativa ou agêntica, se infiltra em decisões corporativas críticas, a transparência e a responsabilidade são inegociáveis. A XAI é vital tanto para depurar modelos e otimizar seu desempenho quanto para garantir a conformidade com regulações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

É também fundamental para construir e manter a confiança entre todos os envolvidos. Empresas que negligenciam os aspectos éticos e a responsabilidade inerente à IA arriscam danos reputacionais significativos e potenciais sanções.

Assim, a ação prioritária para o CIO é a implementação de estruturas de governança de IA que contemplem a ética no uso de dados, o monitoramento contínuo de vieses, a auditabilidade dos modelos e uma clara definição de responsabilidades. A Accenture, em suas análises, destaca que a “IA responsável é um pilar fundamental para a adoção sustentável”.

A influência da IA também se manifesta poderosamente na otimização das operações e no reforço da segurança cibernética. A IA está elevando a hiperautomação a um novo patamar e permite que processos de negócios cada vez mais complexos e não rotineiros sejam automatizados de forma inteligente, potencial amplificado pela IA agêntica.

Isso resulta em ganhos de eficiência e redução de custos, além de liberar capital humano para se dedicar a atividades mais estratégicas. A IDC aponta para um crescimento contínuo em investimentos em software de automação inteligente.

No campo da cibersegurança, a IA é uma aliada poderosa na detecção preditiva de ameaças e na resposta automatizada a incidentes. Contudo, também arma adversários com ferramentas para ataques mais sofisticados. Os CIOs devem balancear investimentos em defesas baseadas em IA com a crucial tarefa de proteger os próprios sistemas de IA da empresa em que atuam (“Securing AI”).

Nenhuma estratégia de IA pode prosperar sem uma base sólida de dados. Estes são, efetivamente, a fonte dos algoritmos e modelos. Em 2025, a eficácia da IA permanece intrinsecamente ligada à qualidade, acessibilidade e governança dos dados corporativos.

Arquiteturas modernas, como data fabric e data mesh, ganham destaque por facilitarem o gerenciamento e o acesso a dados distribuídos de forma eficiente. Igualmente importante é a atenção à privacidade e à ética no tratamento dessas informações. Assegurar a conformidade com a LGPD é mandatório e, como salienta o Forrester, “empresas que priorizam a ética dos dados construirão maior confiança” junto aos seus clientes e parceiros.

Em um cenário de transformação acelerada, o papel do CIO evolui de executor técnico para arquiteto estratégico da inovação. Liderar a agenda de IA requer visão de longo prazo, capacidade de orquestrar múltiplas frentes e habilidade para ajustar continuamente os planos à medida que novas tendências emergem.

Exige-se uma visão clara, alinhando as iniciativas de IA diretamente aos objetivos centrais do negócio. Paralelamente, é crucial priorizar a governança e a ética desde as fases iniciais de qualquer projeto de IA. Fomentar uma cultura organizacional que valorize os dados, abrace a experimentação ágil e invista continuamente no desenvolvimento de talentos – tanto no aprimoramento das equipes existentes quanto na atração de novas competências – é outro pilar fundamental.

Essa abordagem deve ser complementada por investimentos criteriosos em plataformas e infraestruturas de IA. Precisa considerar o balanço entre nuvem e soluções locais, além de reforçar constantemente a proteção dos ativos de IA. A colaboração interdepartamental é também outro fator-chave e exige esforço conjunto de todas as unidades de negócio.

A Inteligência Artificial representa mais que uma tendência tecnológica consolidada. É o motor da próxima grande onda de transformação digital e de negócios no Brasil e no mundo.

Os CIOs que traduzirem tendências em ações concretas, ajustarem com precisão planos e estruturas e equilibrarem o ímpeto da inovação com a solidez de uma governança bem definida estarão mais preparados para liderar suas organizações rumo ao futuro.

Estarão ainda mais aptos a fomentarem uma cultura organizacional preparada para os desafios e oportunidades da IA como o potencial disruptivo da IA agêntica. Terão, assim, maiores chances de êxito diante das complexidades emergentes e efetivamente definirão o futuro de suas organizações.

*Por Rodrigo Guércio, vice-presidente de negócios corporativos da Positivo Tecnologia.

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