O corte recente de 3% dos funcionários da Microsoft, em um momento de lucros recordes da empresa, levantou suspeitas por todo lado de que a gigante estava enxugando o time por causa do uso crescente de inteligência artificial na operação.
Pelo menos em um caso, a hipótese parece ter lá a sua base. O The Information, um dos sites mais bem informados do Vale do Silício, conseguiu números sobre os cortes em uma divisão em particular, focada em “disponibilidade de nuvem”.
Segundo o The Information, Jeff Hulse, o vice-presidente da divisão, na qual trabalham cerca de 400 desenvolvedores, disse ao seu time recentemente que eles deveriam usar o chatbot da empresa para gerar metade do código que eles escrevem.
Chegar a essa meta seria um incremento de entre 20% a 30% na quantidade de código produzido pelo OpenAI dentro da Microsoft.
Nos cortes da semana passada, foram demitidos cerca de 12 profissionais no time de Hulse, o que ficaria próximo da cifra de 3% do corte geral na empresa, que afetou 6 mil pessoas no total, especialmente desenvolvedores de software.
O corte foi especialmente forte no HQ da empresa em Redmond, nos Estados Unidos, onde foram demitidas 1,985 pessoas, a maior parte deles na área de engenharia de software e posições ligadas a gerenciamento de produtos.
A Microsoft contava com 228 mil funcionários em tempo integral em junho do ano passado, data do último relatório anual do quadro de pessoal. Cerca de 55% desse total estava nos Estados Unidos.
Em janeiro, a empresa já havia promovido um corte menor, baseado em desempenho.
No entanto, os cortes atuais configuram a maior rodada de demissões desde o início de 2023, quando 10 mil funcionários foram dispensados, o equivalente a quase 5% do total.
Na ocasião, a Microsoft se somou a outras gigantes de tecnologia que vinham reduzindo suas equipes após o crescimento acelerado durante a pandemia.