Com 250 soluções de inteligência artificial no portfolio, o Serpro aposta em protagonismo da estatal de dados na economia de dados e no desenvolvimento de soluções a partir da nova onda tecnológica. Nessa linha, o presidente da estatal, Alexandre Amorim, afirmou durante audiência na Câmara dos Deputados sobre o PL 2338/23, que o Serpro governa o maior manancial do Brasil: os dados em poder do governo.
“Costumo fazer uma anedota com o time do Serpro, e nos espaços que tenho para discutir, que se os dados são o grande material para a inteligência artificial, e em alguns modelos se dizem que os dados são o novo petróleo, então que o Serpro está sentado na maior jazida de hoje em dia. E só vou descansar quando o Serpro for maior que a Petrobras. Quando o Serpro passar a Petrobras, a sociedade tem condições de entender a importância que a tecnologia e a inteligência de governo possibilitam na formatação das políticas públicas”, afirmou Amorim na reunião realizada nesta terça, 16/9.
Ao discutir a regulação do desenvolvimento e uso da IA, objeto do projeto de lei 2338/23, o presidente do Serpro destacou que a empresa já avançou em soluções de inteligência artificial, incluindo o desenvolvimento de sua própria LLM (Large Language Model), treinada em data centers da estatal para garantir que todas as informações processadas fiquem restritas ao ambiente de governo. E o próximo passo é estabelecer parcerias para viabilizar o desenvolvimento de uma IA generativa soberana, treinada na semântica da língua portuguesa.
“O Serpro está construindo caminhos para, a princípio, através de parceria, viabilizar a inteligência artificial generativa soberana treinada na semântica da língua portuguesa. Vamos publicar um edital de credenciamento de parceria ainda esse mês, garantindo aspectos regionais e com possibilidade de geração de novos modelos especializados em contexto de negócios de governo”, revelou o presidente do Serpro.
Ao destacar que a empresa é responsável por 90% dos sistemas do governo federal e já desenvolveu mais de 250 soluções de IA desde 2019, e lembrar que Serpro e Dataprev são guardiãs dos dados em poder do Estado brasileiro, Amorim defendeu a inclusão das duas estatais no sistema de regulação de IA desenhado no PL 2338/23.
“O Brasil conta com empresas públicas de suma importância nesse modelo de discussão da soberania nacional, o Serpro e a Dataprev. Seria prudente que essas empresas, capazes de operar complexos sistemas brasileiros com soberania, controle, pudessem participar dentro desse modelo que coordenará o Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial, o SIA. A perspectiva tecnológica das discussões em torno da IA, fortemente baseadas em ciência de dados, faz destas empresas, o seu compromisso na compreensão do funcionamento que têm do Estado brasileiro, agentes de grande importância na regulação e na governança de dados e, portanto, da inteligência artificial.”
Amorim defendeu que a regulação proposta pelo PL 2338/23 seja capaz de equilibrar inovação e segurança, classificando sistemas de alto risco sem comprometer a viabilidade de novos projetos. Ele também apoiou a criação de um sandbox regulatório, que permita testar soluções de IA em ambiente controlado antes de sua aplicação plena.
Para o presidente do Serpro, o debate sobre a regulação da IA não pode se restringir à proteção contra riscos, mas deve projetar o Brasil como protagonista global. “O Brasil não deve se limitar a ser consumidor de tecnologia. Precisamos desenvolver nossas próprias soluções e reduzir a distância que nos separa dos países desenvolvidos. A inteligência artificial é a chave para garantir autonomia, inovação e cidadania digital”, afirmou.