Estudo feito no Brasil mostra que, enquanto 91,5% das empresas afirmam estar confiantes em seu cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), 48,7% enfrentam desafios significativos para extrair valor real de suas iniciativas em IA. Os dados estão no Panorama de Dados 2025, da HubSpot, para traçar um retrato do gerenciamento de dados e uso de inteligência artificial por empresas no Brasil.
De acordo com o levantamento, 87% das empresas realizam auditorias regulares de dados para garantir precisão e consistência das informações. Ainda assim, 82,5% dos líderes afirmam gastar mais de uma hora por semana apenas com tarefas de limpeza e reconciliação de dados entre sistemas, evidenciando que a integração e a automação desses processos ainda enfrentam desafios.
Embora 71,4% das lideranças se considerem altamente preparadas (nota 4 ou 5, em uma escala de 5) para gerenciar riscos relacionados ao uso de IA, o estudo aponta barreiras concretas que impedem as empresas de obterem retorno dessas tecnologias:
Falta de expertise interna (57%) é o principal desafio para obter valor da IA;
Preocupações regulatórias ou éticas (52%) ocupam o segundo lugar entre os obstáculos;
Sistemas fragmentados (29%) completam o trio de maiores dificuldades.
Quando se trata de adotar sistemas mais modernos, a complexidade das ferramentas (69%) lidera as barreiras, seguida pela resistência interna à mudança (58%) e falta de tempo ou recursos (31%).
Um dado particularmente revelador é que 36,5% das organizações relatam uso de ferramentas de IA não oficialmente aprovadas, o fenômeno conhecido como “shadow AI”, o que levanta questões adicionais sobre governança e segurança.
“O Brasil não tem um problema de adoção de IA, mas sim de maturação. A tecnologia já está presente, mas 57% das empresas ainda lutam com a falta de expertise interna e 52% têm preocupações com aspectos éticos e regulatórios, revelando um caminho ainda a ser percorrido na jornada de IA”, afirma Rakky Curvelo, gerente sênior de marketing da HubSpot para o Brasil.
LGPD
A pesquisa evidencia que as empresas brasileiras avançaram na adoção de políticas de proteção dos dados. No entanto, há um descompasso entre a confiança declarada e a realidade na prática. O tempo significativo dedicado à gestão manual de dados e a fragmentação de sistemas sugerem que há espaço para evolução na maturidade técnica e operacional. “Ter governança de dados eficiente vai além da conformidade. É preciso um olhar para a cultura, a capacitação e o investimento contínuo em tecnologia”, complementa Rakky.
O “Panorama de Dados 2025”, realizado pela HubSpot em 29 de julho de 2025, é um estudo que analisa o cenário de gerenciamento de dados de clientes no Brasil a partir de entrevistas com 200 profissionais de liderança de empresas de diversos portes e setores. A amostra é composta predominantemente por mulheres (57%), com idades entre 25 e 44 anos (78,5% do total), ocupando posições executivas de destaque — sendo 42% diretores e 35% gerentes — em organizações com mais de 500 funcionários (69,5%).
O estudo concentra-se especialmente em profissionais do setor de Tecnologia da Informação (36%) e Bancário/Financeiro (8,5%), oferecendo um retrato detalhado e representativo de como as organizações brasileiras estão gerenciando seus dados de clientes em um contexto de transformação digital. Os achados revelam um cenário majoritariamente positivo quanto à maturidade digital e adoção de IA, embora persistam desafios relacionados à qualidade dos dados, expertise técnica e resistência à mudança.