OpenAI: Energia, não chips, vai definir se EUA bate China pela liderança da inteligência artificial

A OpenAI enviou ao governo dos Estados Unidos um documento em que propõe a criação de uma meta nacional de construção de 100 gigawatts por ano em nova capacidade energética, como forma de garantir que o país mantenha a liderança mundial em inteligência artificial frente ao avanço da China.

A proposta foi encaminhada em 27 de outubro ao Office of Science and Technology Policy (OSTP), braço da Casa Branca responsável por assessorar a formulação de políticas tecnológicas, e é assinada por Christopher Lehane, diretor global de assuntos públicos da empresa.

O documento é um manifesto político e técnico da OpenAI para sustentar o papel dos EUA como potência global em inteligência artificial, com forte ênfase em energia, infraestrutura industrial, qualificação da força de trabalho e segurança nacional. A empresa propõe uma parceria público-privada de grande escala para enfrentar a “lacuna de elétrons” em relação à China e transformar a era da IA em uma nova fase de crescimento econômico e industrial para os Estados Unidos.

No texto, a OpenAI afirma que a expansão da infraestrutura energética é o principal gargalo para o desenvolvimento da IA nos EUA e defende que a eletricidade seja tratada como ativo estratégico, tão essencial à competitividade quanto semicondutores e dados. Segundo a empresa, enquanto a China adicionou 429 GW de nova capacidade elétrica em 2024 — o equivalente a um terço de toda a rede americana —, os Estados Unidos conseguiram apenas 51 GW, o que colocaria em risco sua vantagem tecnológica e industrial.

“Desbloquear elétrons é desbloquear a maior oportunidade econômica nacional desde a eletrificação”, diz o documento. A empresa argumenta que o investimento inicial de US$ 1 trilhão em infraestrutura de IA poderia impulsionar o PIB americano em 5% em apenas três anos, estimulando o crescimento da indústria, o emprego e a arrecadação.

A proposta faz parte de uma visão mais ampla da OpenAI para uma nova fase de reindustrialização americana, na qual o avanço da IA impulsionaria não só o setor tecnológico, mas também cadeias produtivas tradicionais — como a de energia, construção e manufatura de equipamentos. O texto defende que o governo federal deve “pensar grande, agir grande e construir grande”, combinando investimentos públicos e privados e reformando regulações que, segundo a empresa, travam a expansão energética.

Entre as recomendações estão a modernização de licenças ambientais, o uso de IA para acelerar processos de licenciamento federal, e a criação de uma reserva estratégica de metais e minerais críticos (como cobre, alumínio e terras raras) para reduzir a dependência de insumos chineses.

A OpenAI também relaciona o crescimento do setor à criação de empregos. Estima que seus planos para construir data centers — os chamados “Stargate sites”, instalados em estados como Texas, Novo México e Wisconsin — demandarão 20% da força de trabalho atual em ofícios especializados, como eletricistas, mecânicos e técnicos de rede. A empresa diz que criará programas de certificação em IA e parcerias com escolas técnicas para capacitar trabalhadores em larga escala.

Outro ponto central da proposta é a segurança nacional. A OpenAI pede que o governo amplie o papel do Center for AI Standards and Innovation (CAISI) como órgão central para definir padrões e coordenar testes de segurança de sistemas de IA de fronteira. A companhia também propõe a criação de um “Classified Stargate”, uma rede de data centers classificados voltados a missões de defesa e inteligência.

O documento elogia iniciativas do Departamento de Energia e do OSTP sob a administração Trump, e sugere que os EUA devem manter uma postura de liderança global “pensando grande e construindo rápido”, com o Estado “sabendo quando recuar para deixar o mercado atuar, e quando intervir para impulsionar a indústria”.

Com mais de 800 milhões de usuários semanais, a OpenAI apresenta sua proposta como um projeto de “predistribuição” dos benefícios econômicos da IA — isto é, de garantir que o crescimento tecnológico gere oportunidades em todas as regiões do país, e não apenas em centros como o Vale do Silício.

Em tom de manifesto industrial, a empresa conclui que o sucesso da “Era da Inteligência” dependerá da capacidade dos EUA de expandir sua infraestrutura elétrica na mesma escala em que a IA se torna o novo motor da economia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima

Obrigado por escolher a Melhor!

Escolha a cidade que deseja atendimento!