TCU: Automação reduziu erros no INSS, mas qualidade do serviço ainda está ruim

Um levantamento do Tribunal de Contas da União sobre os processos de análise de benefícios previdenciários aponta que, embora a automação tenha contribuído para diminuir os erros em indeferimentos do INSS, os percentuais de equívocos continuam altos.

Segundo o TCU, 13,2% das negativas manuais em 2023 foram consideradas indevidas, enquanto no sistema automatizado implementado em 2024 esse índice ficou em 10,94%. Para a Corte de Contas, são números que permanecem acima dos padrões de qualidade esperados.

A auditoria apontou que 27% dos benefícios inicialmente negados e não ratificados acabaram sendo concedidos após revisão administrativa; 13% somente foram aprovados mediante ação judicial; e 37% precisaram ser refeitos pelos segurados para obtenção do direito. Além disso, em 28,64% dos casos analisados automaticamente em 2024 foram encontradas inconsistências que poderiam levar a indeferimentos equivocados.

Os problemas estruturais apontados pelo TCU incluem falhas no preenchimento de formulários – agravadas pela comunicação ineficiente com os segurados -, carência de mecanismos para identificar inconsistências antes da análise automatizada, metas de produtividade que não levam em conta a complexidade das análises, e falta de incentivos para que servidores detalhem adequadamente os motivos dos indeferimentos.

Diante dessas constatações, o TCU determinou ao INSS uma série de medidas corretivas. A autarquia precisará revisar suas metas de produtividade, melhorar os treinamentos e o suporte técnico oferecido aos servidores, aprimorar a comunicação com os segurados e aumentar a transparência sobre os direitos previdenciários.

Vale destacar que a automação vem ganhando espaço no INSS. Em 2023, 2,2 milhões de requerimentos foram decididos automaticamente, representando um crescimento de 70% em relação a 2022. No entanto, o TCU alerta que a tecnologia ainda precisa ser aperfeiçoada para evitar injustiças e reduzir a sobrecarga da Justiça Federal, que hoje enfrenta um volume expressivo de ações contra negativas do INSS.

O relatório do TCU chama atenção para um dado especialmente preocupante: muitos segurados, diante das dificuldades burocráticas, desistem de recorrer administrativamente e acabam procurando diretamente o Judiciário ou mesmo abandonando a pretensão ao benefício. Essa realidade, segundo os auditores, exige mudanças urgentes nos processos de análise do INSS.

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