Em operações delicadas, qualquer aumento da segurança é bem-vindo. Quando um navio carregado atraca, entra em ação um sistema com tubulação para descarregar a mercadoria. No caso dos terminais da Ultracargo, são combustíveis e produtos químicos, que são corrosivos e inflamáveis. Diante desse cenário, foram instalados sensores nas bombas de carregamento para medir e monitorar, em tempo real, qualquer indício de anomalia, como vibrações excessivas, aumento de temperatura ou outros comportamentos inadequados.
São centenas de bombas. A tecnologia, que substituiu checagem manual, permite agir preventivamente, evitando falhas nos equipamentos e garantindo operações mais seguras e produtivas. E, assim, a Ultracargo saiu de uma corretiva (realizada após a ocorrência do problema) para uma abordagem “preventiva e preditiva”, antecipando falhas e anomalias em equipamentos críticos, como bombas e válvulas, o que reduz drasticamente a necessidade de manutenção corretiva e evita paradas não programadas, conforme Leopoldo José Gimenes, vice-presidente de engenharia e operações da Ultracargo, e Renato Cesar Blanco, diretor-executivo de TI da Ultracargo, explicaram ao Convergência Digital.
Os dados coletados são enviados para uma plataforma de monitoramento online, diagnóstico e gestão preditiva, que utiliza inteligência artificial para fazer análises, produzir relatórios, gerar insights e disparar alertas em tempo real para os profissionais da empresa via e-mail, WhatsApp e aplicativo. “Temos os parâmetros e históricos. Conseguimos nos antecipar ao problema ao diagnosticar preventivamente. Nunca mais tivemos ocorrência em bomba depois disso e com a IA temos diagnósticos mais precisos”, diz Gimenes.
A implantação do sistema começou no fim de 2023. Desde então, os investimentos feitos com os projetos que fazem uso de IA somam R$ 3,6 milhões, incluindo a instalação de 288 sensores em 100% das bombas críticas, localizadas em todos os terminais; e 25 receptores de monitoramento. Com esses sensores capturando 3.456 dados por hora, a companhia afirma que conseguiu reduzir em 30% os custos com manutenção corretiva e em 20% o tempo de parada das bombas. Como resultado, houve um aumento de 17% na disponibilidade dos ativos.
Agentes de IA como próxima fronteira
A IA tem transformado a operação da Ultracargo, permitindo, conforme assinala Blanco, tomadas de decisão mais rápidas, inteligentes e baseadas em dados confiáveis, sempre com foco em segurança, eficiência e na melhor experiência para os nossos clientes. E houve avanços. “Como a jornada está avançando muito, quando trouxemos todo o conjunto de dados, lançamos agentes. No início, definimos um pouco mais o parâmetro, mas, hoje, trabalhamos com agentes de inteligência artificial dentro do conceito de LLM”, explica o diretor.
A adoção de inteligência artificial vem se ampliando na companhia. “Temos squad formado que trabalha enriquecendo agentes de IA disponíveis para áreas de negócios. Já temos agente jurídico que está trazendo agilidade nos contratos; e no regulatório,já que somos altamente regulados. O agente de IA traz uma série de produtividade dentro da organização”, destaca Blanco, explicando que a Ultracargo trabalha com modelos open source e agnóstica em termos de fornecedores. “Procuramos componentes disponíveis no mercado com experiência no objetivo que buscamos. A partir disso encapsulamos, montamos a estrutura interna e fazemos o aprendizado”, detalha o diretor-executivo de TI. As reuniões contam com copilotos para fazer atas.
Hoje, os agentes são usados em manutenção e segurança (bombas com sensores, informações vão para central e agente que faz a análise); no jurídico, no regulatório, no comercial, no otimizador de tancagem (para apontar em quais tanques serão armazenados quais produtos, apontando, de forma automática, melhor recomendação. E há outros em desenvolvimento.
Os próximos passos incluem incorporar soluções voltadas para os clientes contarem com uma visão menos estática do conjunto de informações que eles buscam. “O foco é entregar soluções logísticas para nossos clientes, para estar à frente e resolver problema que nem ele sabe que poderia ter”, destaca o VP, Leopoldo José Gimenes. “Sair de visão mais estanque para entendimento da cadeia”, acrescenta Renato Cesar Blanco.