Durante sua palestra no StartSe AI Festival, André Palma, CEO da Zup, destacou que a inteligência artificial entra agora em uma nova etapa de maturidade: a “era agêntica”. O executivo apresentou dados, reflexões e casos práticos sobre o uso de agentes de IA e a evolução rumo a sistemas orquestrados que combinam múltiplos agentes para entregar resultados concretos.
Palma relembrou que, em 2024, a Zup já havia apontado a tendência de crescimento dos agentes de IA e que, em 2025, essa previsão se confirmou. No entanto, ele ponderou que a jornada “não é trivial”. “É complexo, exige muita dedicação e profundidade técnica”, observou. Segundo o CEO, o caminho passa por engenharia de software e dados, fundamentos presentes em todos os setores e indústrias.
Entre os exemplos práticos, Palma citou o Design to Code, agente apresentado em protótipo no ano anterior e que hoje é utilizado por até duas mil pessoas, com ganhos médios de 80% de produtividade na criação e alteração de telas. Outros agentes desenvolvidos na plataforma da Zup registram ganhos médios de 25% a 30% na engenharia de software.
O executivo compartilhou também resultados de pesquisas globais: 40% das empresas já utilizam 10 ou mais agentes e 17% do valor gerado por IA atualmente vem desses sistemas, percentual que deve subir para 29% até 2028. Segundo Palma, 5% das empresas na vanguarda destinam cerca de 15% do orçamento anual ao desenvolvimento de agentes. Mesmo assim, os desafios permanecem. “Estudos do MIT mostram que 95% dos pilotos de GNI estão falhando e o Gartner prevê que 40% dos projetos iniciados serão descontinuados até 2027”, destacou.
Para o CEO, o mercado vive um momento de incerteza diante da proliferação de plataformas especializadas e soluções fragmentadas. Ele defendeu que as organizações precisam adotar práticas como avaliação de maturidade, governança de dados, curadoria e reuso de agentes, e definição clara de métricas. “Nem tudo é GNI, e se vai do tudo para GNI, o custo é muito maior”, alertou.
Na segunda parte da palestra, Palma apresentou a visão da Zup sobre a “jornada agêntica”, baseada em três pilares: dados bem estruturados, algoritmos de alta complexidade e poder computacional relevante. “A inteligência artificial precisa ser somada à inteligência humana. Propósito, supervisão e avaliação de resposta são funções humanas essenciais”, afirmou. Ele também destacou a importância de benchmarks e consistência nos resultados gerados por modelos.
O CEO apontou ainda o surgimento de novas carreiras, como engenharia de respostas e engenharia de GNI, e explicou a diferença entre um agente de IA tradicional e uma IA agêntica, esta última capaz de orquestrar múltiplos agentes, operar em ciclos de entendimento e se retroalimentar com resultados e feedbacks humanos. “O objetivo pré-definido é sempre humano”, reforçou.
Palma ilustrou o conceito com dois casos práticos. No primeiro, uma Squad Agente criada pela Zup obteve 60% de redução no tempo entre ideação e entrega de um produto digital, utilizando um agente orquestrador que interage com gerentes de produto e desenvolvedores. No segundo, o PMBuddy, um agente orquestrador da plataforma Stackspot, apoia equipes de produto na ideação, prototipação e experimentação, reduzindo tarefas que levavam semanas para poucas horas.
Ao encerrar, o executivo afirmou que a Zup segue investindo em pesquisa e em seu laboratório de inovação, o Zup Labs, para apoiar clientes nessa transição. “Estamos vivendo o momento dos agentes, o momento agêntico. E ainda vem muita coisa pela frente”, concluiu.

